Lisboa, 29 de agosto de 2023 (terça-feira)
- David Baptista Farto

- 29 de ago. de 2023
- 1 min de leitura
Atualizado: 25 de set. de 2023
Fui hoje à Biblioteca Camões devolver uns livros e requisitar outros. A vista desafogada sobre o casario lisboeta que desce até ao Tejo vale por si só uma visita aquele espaço. Instalada num palacete quinhentista, paredes-meias com o centenário Elevador da Bica, a Biblioteca Camões é, de longe, a mais turística biblioteca de Lisboa, característica que a torna, por força da lógica, também a mais internacional. Ao contrário das restantes bibliotecas do município, é difícil dizer se a sua comunidade de utilizadores é maioritariamente portuguesa ou estrangeira. Pouco importa. Uma coisa é certa: em tempos de aparente multiplicação de imóveis deliberadamente fechados para especulação, hotéis de luxo, hostels e alojamentos locais, a Biblioteca Camões contrasta pela sua localização e missão. Entrincheirada no centro da capital, entre o Chiado e o Bairro Alto, o edifício ocupa praticamente um quarteirão inteiro no frenético Largo do Calhariz. Não é preciso ser analista imobiliário para reconhecer que ali está um autêntico tesouro a valer uns valentes milhões de euros, e felizmente fora do alcance da cobiça dos fundos abutres. Por outro lado, a biblioteca continua a prestar um verdadeiro serviço público à comunidade, permanecendo um lugar aberto a toda a população e garantindo o acesso livre e gratuito às coleções. Numa altura em que o dinheiro fala mais alto e tudo é cobrado a toda a gente, as bibliotecas públicas são o local onde o fundamental continua a ser a promoção do conhecimento.

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